Educação Privilegiada ou Privilégio dos educados?





A fala da recém eleita Presidente da UNE Virginia Barros para a Folha de São Paulo, só reforça minha convicção sobre a questão da educação superior no Brasil, segundo ela o governo da Presidenta Dilma é omisso em relação ao ensino superior privado, permitindo a entrada de capital estrangeiro e não dando a devida atenção nem a regulamentação necessária para a questão.
Seria porque os consumidores da educação superior privada do país seriam em sua maioria, as pessoas de classe média, média baixa e os trabalhadores brasileiros?
Por que o ensino público superior é povoado pela elite burguesa que em quase sua totalidade não se utiliza do ensino público de base, que não é de qualidade e que não interessa para eles, Marx fala exatamente sobre esse privilégio em a Critica da Carta ao Programa de Gotha:
“... estabelecimentos de ensino «superior» que também são “gratuitos”, isso só significa de fato pagar às classes superiores os seus custos de educação a partir da caixa geral de impostos.
É exatamente por isso que acredito que o ensino superior público no Brasil é um privilégio das classes abastadas e instrumento de manutenção das estruturas de classe no país, o ensino público e gratuito para todos com qualidade, deve ser o da base, colocando em pé de igualdade todos aqueles que juntos formam a base de sustentação e formação da sociedade brasileira, o que ocorre hoje no Brasil é mais um dos vários privilégios que a burguesia tem. Aonde estudam os filhos da burguesia brasileira durante o ensino fundamental e médio (base)? Eles estudam nas melhores escolas particulares não é mesmo? E depois participam de um “vestibular” democrático... (kkkkkk... desculpe-me preciso ser sarcástico neste ponto), para que a sua entrada e seu privilégio de estudar com a conta paga pelos impostos de todos os brasileiros tenham uma roupagem mais legitima.
O que me deixa um pouco, para não dizer muito irritado é assistir os partidos ditos de “esquerda” fazerem uma defesa tão feroz sobre esse sistema de educação tão desigual.
É preciso coragem para enfrentar um ponto tão delicado, mas tão caro ao conjunto da sociedade, e algo ainda mais intrigante me incomoda, é ver militantes, trabalhadores e jovens fazendo uma defesa tão consistente do ensino superior público, mas nos moldes em que ele está hoje nem a sua décima geração fará uso e participará deste ensino. No Brasil a grande expansão do ensino superior se deu na esfera privada, e quem são os consumidores dessa educação? A classe média, média baixa, os trabalhadores, em sua maioria aqueles que trabalham o dia todo para a noite estudarem em estabelecimentos de ensino mal aparelhados, que não investem em pesquisa e extensão, são verdadeiros estabelecimentos de fabricar dinheiro, mas fiquemos tranqüilos que as universidades públicas estão ocupadas pela nossa elite burguesa, com os melhores mestres, doutores e com altos investimentos em pesquisa e extensão, e tudo com o seu o meu dinheiro e devidamente observados e cuidados pelo “nosso governo” não é mesmo Virgínia Barros a nova Presidente da UNE.
Todas as discussões sobre os investimentos na educação são válidas, mas falar sobre seriedade e prioridade de um povo é assegurar que esses investimentos sejam feitos a partir do dinheiro que temos hoje em caixa, e não sobre aquele que virtualmente vai entrar através do pré-sal, temos que ter a garantia de investimento é do conjunto dos impostos pagos pelo povo, o que vier do pré-sal e quando vier podemos investir em outras áreas e não ficarmos sonhando quando poderemos enfim investir aquilo que por obrigação deve ser uma prioridade de um país sério, que é a educação do seu povo, a verdadeira ferramenta de emancipação dele.

Sei que muitos ao tomarem conhecimento e lerem sobre a critica que acabo por fazer, muitos me chamarão de reacionário, militante da direita e todos esses chavões e adjetivos que os militantes de apostila costumam veementemente bradar a pulmões cheios, mas prefiro nesse ponto dialogar com o que disse o velho e nesse ponto atual camarada Marx.



3 comentários:

Danilo Otto disse...

Precisamos de um novo caminho, do jeito que está não dá para ficar, esse é um Brasil para poucos, e manutenção dos mesmos.

Dalmo Viana disse...

Tem toda razão Danilo Otto, os privilégios precisam acabar e o público tem que ser destinado ao público !!!

Jess Xavier disse...

Parabéns ! Tem razão, a desigualdade ainda é enorme nesse país !