As recentes manifestações da população
brasileira abalaram as estruturas do país isso é inegável, mas para efeito
prático temos o dever de ir mais a fundo e analisar o que significa esse
“abalar das estruturas”, o primeiro momento votações recordes na Câmara e Senado,
ações observadas por toda a população, medidas adotadas pelo Governo Federal
que se mostraram desesperadas e sem efeito, plebiscito, mini constituinte, PEC
dos médicos e uma a uma foram derrubadas e rechaçadas pela população e pela
base do próprio governo.
Tais medidas desesperadas
demonstram a falta de planejamento estratégico e formulações de políticas
públicas que o Brasil tanto precisa, um papel que é de responsabilidade do
poder central, pois ele detém a maior concentração dos recursos vindo dos
impostos pagos pelo povo, mas o que assistimos é que
pouco a pouco, a comoção, o medo e a mobilização da classe política aqueles que
deveriam demonstrar o “compromisso” com o povo, já acreditam que tudo não
passou de uma “marolinha” e a certeza de que tudo continuará da mesma forma e o
cotidiano será aquele das velhas
práticas.
Diferente de países com tradição
em grandes manifestações e revoluções reais, o nosso Brasil carece de pessoas
que realmente se comprometam com as mudanças e que cheguem as ultimas
conseqüências para que elas ocorram, pois não existem transformações sem
alteração de classe dirigente, não existe compromisso popular, sem participação
popular, não existe justiça social e distribuição de renda, sem que as grandes
fortunas sejam taxadas, e não existe democracia sem partidos políticos de
verdade e é nesse ponto que vou me deter um pouco, pois a nossa democracia esta
cheia de representações vazias de conteúdo e compromisso.
Nossas
instituições têm uma herança colonialista terrível, formada por grupos que cerceiam
a participação popular e visam apenas os seus interesses mais próximos, acerca
deste ponto o Professor Roberto Bitencourt da Silva diz:
“A trajetória da política brasileira, em
função do peculiar processo da nossa formação social, sempre conviveu com
sérias dificuldades para a criação de partidos nacionalmente fortes. Não raro,
o que prevaleceu, como ainda facilmente se pode constatar, é o facciosismo
travestido de partido político. Os interesses dos clãs familiares, das
lideranças regionais e dos chefes de plantão sempre superaram a preocupação em
se criar partidos sólidos, movidos por interesses de alcance coletivo e não
pessoal.”
A
contribuição do professor Bitencourt é mais do que atual, e as movimentações e
manifestações que acompanhamos no Brasil foram exatamente um repúdio a esse
tipo de prática que não encontra no conjunto da população respaldo, mas uma
imensa insatisfação do povo que foi manifesta com grande força no mês de junho,
mas os políticos que exercem mandatos estão com seus ouvidos tapados, exceto
aqueles que sempre estiveram ao lado do povo, mas no geral o povo foi
ludibriado com algumas movimentações momentâneas, com propostas vazais e sem
viabilidade, e aos poucos as coisas voltam à normalidade apática que tanto os
favorece.
Os
partidos políticos que foram os alvos dentro das manifestações e seus
militantes foram em alguns momentos até agredidos, o foram por serem os
representantes mais próximos desta classe de políticos que operam essa
indiferença aos anseios do povo, lá da ilha federal chamada Brasília.
Falam em reformas e que a reforma política
seria a mãe de todas as reformas, mas com diz o livro mais lido da história da
humanidade a bíblia: “A fé sem as obras é morta”... E neste contexto digo que
não existe reforma política no âmbito das instituições, se os partidos
políticos não se reformarem, partidos que existem de forma cartorial, sem
representação social, sem inserções nos movimentos sociais que sobraram e
resistiram a cooptação do aparato do estado, que não produzem pensamento acerca
das questões que influenciam a sociedade e muito menos dialogam com a
população.
O
que vemos atualmente são instituições que participam de eleições e almejam o
poder, o que é legitimo, pois essas são funções de partidos, agora precisamos
ser críticos e muito críticos quando um partido é orientado única e
exclusivamente por essa ação, Taís práticas pode ser usada em alguns momentos
como táticas e estratégias específicas e não como uma
política permanente.
Visando
equilibrar essa balança a Fundação João Mangabeira seção de São Paulo, vem
realizando oficinas regionais que com muito êxito tem fomentado a discussão
sobre políticas públicas, percorrendo regiões importantes do Estado e pretende
ao fim de todo esse processo contribuir com um verdadeiro pensamento e
formulações a cerca das políticas públicas, debatidas com militantes,
vereadores, segmentos organizados, gestores dos mais diversos órgãos e na busca
incessante pelo debate e a participação coletiva, afinal somos um partido que
defende a radicalização na participação popular e democrática, e é exatamente
por defendermos isso que nós do PSB do estado de São Paulo temos a obrigação de
radicalizar e praticar no nosso quintal tal participação.
Teses
sempre defendidas pelo coletivo socialista paulista são as inspiração para esse
acontecimento em nosso estado, a tese Pelas Bases o Partido Cresce, Pelas Bases o
PSB se Fortalece foi e continua sendo uma tese
que inspira as movimentações que ocorrem e fortalecem os projetos desenvolvidos
pela militância socialista e os dirigentes no Estado de São Paulo e também no
plano nacional, e acredito que a grande aceitação de todo este trabalho
vem pela máxima que diz: “Juntos Somos Mais Forte, Porque juntos devemos e
podemos Fazer Mais” Eduardo Campos presidente nacional do PSB.